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domingo, 26 de maio de 2019

Entrelinhas

Reprodução: Pexels

O que eu sinto e o que eu vejo
têm um quê de desfecho
feito às pressas,
na hora errada.

Não é fácil, enlouqueço.
Cresce imenso o desejo
das promessas
encerradas.

Sem hora ou data eu recordo,
porém luto e acordo.
Tudo bem,
não há mal.

Então nasce outro dia
sem sentir-me vazia,
logo volto
ao normal.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

o que fazer com impressões? - parte 3

San Giorgio Maggiore at Dusk - Monet

enfim, estou anestesiada e não consigo esquecer aquela faísca que brilhou nos olhos dela enquanto dançava alegre sobre a linha que ela não podia cruzar.

o que isso diz sobre ela? e o que diz sobre mim e sobre o que eu sinto?

no momento em que eu soube que independentemente de tudo eu não estava disposta a abrir mão. entendi que esse é um assunto que preciso sepultar em mim.

sigo com uma certeza do que aconteceu. uma certeza que dispensa explicações, embora pareçam impressões de uma louca.

aprendi a me manter atenta para captar o que preciso quando minha intuição fala. só não aprendi ainda o que fazer com tudo isso que agora eu sei.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

o que fazer com impressões? - parte 2

Impressão, nascer do sol - Monet

por isso, antes de sair do apartamento, eu pensava em como seria nosso reencontro. e não foi tão regado à constrangimento como eu pensei que seria.

ela me abraçou e até se desculpou pelo que aconteceu no nosso adeus no aeroporto. eu nem lembrava mais.
a sensação que eu tive na hora foi de que ela achava que meu silêncio, de certa forma, foi uma resposta aquele episódio. só que não foi, de verdade não foi.

e então eu comecei a pensar no quanto eu relevo algumas coisas e voltei a lembrar daquele dia: será que é em um momento assim que a gente percebe as coisas como elas são de fato? mas, sei lá, inconscientemente eu prefiro não pensar muito nisso.

e também prefiro não pensar muito no que aconteceu e no que eu fingi não notar. mas é inevitável. os toques disfarçados, os olhares, a aproximação, a animação repentina...

no começo eu apenas neguei, mas estão me permiti a dúvida, me permiti observar com isenção. agi como eu quis agir e ocasionalmente captei o que rolava.

e então eu tentei ver as motivações. por que ela estava fazendo aquilo? e eu não tenho respostas. talvez o álcool, talvez uma espécie de troco ou a emoção de flertar com o proibido.