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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Deixar voar...


Das capacidades humanas, uma que considero memorável é a de guardar acontecimentos, detalhes, maneiras e outras coisas para se lembrar em uma parte da mente. Acho essa capacidade memorável porque, imperceptivelmente, ela tem fios e cabos que percorrem o corpo até encontrar o coração, sendo assim capaz de, ao trazer à tona os pertences que guarda, desencadear uma série de emoções em nós.

Saber encarar o que surge após acionarmos essa capacidade é o grande desafio.

Afinal, o que não é passível de se tornar lembrança? As pessoas são como borboletas: ficam guardadas no casulo do nosso coração e são acalentadas até terem asas. Asas são a personificação da liberdade, o bem humano intangível e indescritível. E essa liberdade é refletida na escolha que se faz em voar pra longe ou ficar por perto. É preciso deixá-las voar.

Se uma coisa é verdadeira nesse mundo é que tudo passa, nada fica imóvel. E dessa vida, disso tudo que insiste em fugir ao nosso controle e às nossas mãos, outra certeza é que só teremos, de fato, aquilo que formos capazes de lembrar.

As lembranças em si são boas. Cabe a nós, com o tempo - e isso só o tempo ensina - saber ajustar as válvulas imperceptíveis que levam os cabos das lembranças ao coração e saber sentir sem que o sentimento seja demasiado ou paralisante.

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