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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Drummondiando a flor


Sou daquelas pessoas desligadas. Para quem me conhece, essa minha declaração logo resulta na seguinte pergunta: por que, então, jornalismo? Mas não vamos enveredar por esse caminho neste post; atenha-se ao fato de eu ser deligada, ok?

Coisas passam totalmente despercebidas para mim e, em consequência disso, eu levanto questionamentos desnecessários muitas vezes. Como, por exemplo, a vez em que eu andei mais de 1000 números numa avenida para chegar na faculdade e, só então, um ser iluminado me esclarecer que havia acabado a luz. O diálogo foi mais ou menos assim: 

—  Acabou a luz na região, você percebeu? —  não havia ironia na pergunta, garanto.
—  Sério? — minha resposta/pergunta usual para demonstrar espanto
—  Cê não viu os semáforos sem funcionar? 
—  Aaaahh! Por isso estava aquela bagunça toda no trânsito. —  respondo com entonação de quem constatou algo.

Esse é só um exemplinho bobo, mas, confesso, revela muito sobre minha personalidade. A questão é que eu caminho olhando tão para dentro de mim, dos meus pensamentos, que me desligo do mundo. E, sim, isso já me rendeu assaltos (do verbo roubar, no sentido de eu ser a pessoa roubada na história).

Logo, devido a minha leseira, vocês devem concluir o tempo que levou para eu me dar conta de que uma flor crescia no meu quintal asfaltado/cimentado. E, lógico, o quanto eu fiquei intrigada por constatar esse cenário drummondiano praticamente debaixo do meu varal.

O mais bizarro é que toda essa conotação de esperança que envolve a flor faz total sentido no estágio atual da minha. Por que, então, não dar à flor a importância que ela merece? Gente, uma flor nasceu no meu quintal! E não foi em um lugar reservado para flores crescerem, não. Foi tipo uma intrusão que palavra horrível mesmo. 

Não sei se uma flor nasceu no seu também e você, simplesmente, deu de ombros. Acontece que não sei priorizar e isso é notícia no meu mundo. Acontece também que acho minha flor lindíssima. Meio desengonçada, mas linda. 

Não sei quanto tempo ela vai durar ali, mas gostaria que fosse eterna, pequena e destemida. Gostaria que fosse eternamente essa flor, sem jamais mudar. E meu dei conta das pretensões que tenho para essa flor enquanto a observava esta semana. Drummond dedicou um poema a sua flor. Eu dedico esse post a minha.

Um comentário:

  1. Andressa, quanto mais leio os teus post e te conheço, mais eu te admiro! Eu sou uma apaixonada por flores, o campo, o nada e vou ficar aqui torcendo para que sua flor dure e nunca mude. Apenas floresça cada dia com mais vida, que por nascer onde nasceu já demostra ser bem destemida. :)

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