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domingo, 13 de maio de 2012

Das coisas que não podem esperar...


Depois que eu comecei com isso eu não posso mais parar, simplesmente não consigo. Uma vez alguém me disse que seu desejo era passear e saber ou imaginar - não lembro bem a palavra, mas lembro a essência  e é essa que invoco agora - as histórias escondidas naquelas casinhas que ficam na beira da estrada, como vivem essas pessoas, o que sentem. Eu agora sinto essa ânsia de saber e conhecer mais das pessoas mas, antes de chegar nas casinhas na beira da estrada, encontro histórias urgentes pelo caminho. E com essas histórias eu firmei um compromisso que não quebrarei, pois antes de firmar com elas o fiz comigo mesma. Não é mais uma exigência, capricho ou tarefa, nem apenas questão de vida ou morte; é bem mais que isso. Preciso honrar esse compromisso pra organizar os pensamentos e as sensações, preciso fazê-lo para manter a sanidade.

As pessoas e os seus mundos próprios. Por Deus, não quero dar uma de Clarice escrevendo sobre Macabéa  e enrolar, fugir do foco. Mas tudo isso é necessário, não é exagero; é essencial para fazer sentido e não ficar vago. E isso é, ao mesmo tempo, também a própria história, embora eu desconheça como ela se revela nas entrelinhas. Ela apela para outras histórias presas na minha memória, histórias que eu amarrei aqui na mente e que não deixarei irem pra longe.

Ao lembá-la parece até que recordo daquela música preferida, sabe? Vem toda aquela sensação de alegria por ouvi-la tocando, vêm também sentimentos mistos que a letra invoca junto com a nostalgia da melodia. Somente agora pude perceber: o que eu não quero esquecer é melodia de uma nota só; nota tocada baixa, esquecida, que não entrou pra escala.

Sinceramente, leitor, eu penso que até agora você deve estar esperando lógica e sentido, mas hoje a coerência não foi convidada. O que eu tenho que escrever, de alguma maneira, já está aqui e embora você possa desconhecer eu não me importo. Minha prioridade hoje é outra. E essas palavras já me lembram do que eu quero recordar. E sei que quando precisar voltar aqui, por escolha ou necessidade, essas palavras serão suficientes. Elas me lembrarão de alguém  que só cheguei a conhecer  a melodia da voz, mas que me fez rever e mudar meus conceitos. Realmente, não há padrões que suportem as particularidades... as generalizações erram por isso.

O sistema não prevê variabilidade, muito menos que cada caso é específico e único no seu contexto e significação. Enquanto tentam me fazer jogar com números, tenho plena consciência das minhas ações e que posso interferir, intencionalmente ou não, na vida de muitas pessoas. Interdependência. Não, eu já fiz a minha escolha e um homem que trazia paixão, em vão ou por ironia, em seu nome me ajudou. E embora ele nunca chegue a saber que se dependesse exclusivamente de mim não teria sido daquele jeito, eu sei disso. E sinto muito, muito mesmo por isso não bastar.

Mesmo errante, até aqui sei que estive no lugar certo quando precisei estar. E isso basta ao meu coração e à minha mente.