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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Drummondeando as faces...


Quando eu nasci, um anjo louco,
desses que voam à esmo,
disse: Vai, garota! ser contradição na vida...

O teto desmorona sobre as cabeças
que dirigem corpos vagos.
A tarde se torna certeza cinza
esmagando quaisquer desejos...

O ônibus passa cheio de corpos.
Corpos cansados, sadios ou velhos.
'Pra quê tanto corpo, meu Deus' pergunta a consciência,
mas meu coração,
este teima e não sente mais o discurso...

A mulher atrás da maquiagem
é triste, introspectiva e fraca,
mas conversa alegre.
Diz ter muitos, muitos amigos.
A mulher atrás da maquiagem e em cima do salto.

Meus Deus, por que não me abandona
se sabe que não sou forte,
se sabe que sou falsa...

Rima rima eterna rima
se eu me chamasse Valentina
seria só poesia e não conclusão.
Rima rima eterna rima
mais eterna é minha canção...

Eu não devia escrever isso,
mas encostar a cabeça no ônibus
ouvindo 'Return to innocence'
me deixa como um homem no auge de sua emoção...