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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Imputabilidade

São 14h30. Cada componente essencial e indispensável do tribunal está no seu devido lugar, todos prontos a cumprir os respectivos papeis: o advogado de defesa repassa mentalmente a magnífica oratória, o juri apela para a moral e sentimento disfarçados de razão; o juiz influenciado pela opinião pública relembra artigos e ensaia sua face imparcial.

Pelo televisor as pessoas esperam ansiosas o resultado do julgamento. Carolas rezam pedindo a Deus que fiquem presos para sempre e se esquecem de que a maioridade penal é que foi reduzida e não a prisão perpétua implantada no país.

Os réus eram o que antes se classificaria como "dois menores": Di Menor, de 16 anos, e Letinho, de 17. O crime que cometeram não se ousa descrever ou citar aqui, as pessoas evitam pensar, mas a mídia escancarou o máximo que pôde com os detalhes mais sórdidos fruto das especulações diversas. Hoje, na frente de televisores de todo o país, há mães que deixaram de lançar olhares de amor ou repreensão às filhas de 5 anos para vidrarem os olhos vermelhos de lágrimas e ódio nas imagens repassadas - milhares de vezes desde o ocorrido - no aparelho.

A ansiedade de todas as carolas, de todas as mães de meninas de 5 anos e de toda a população que sente como humanos (e não como psicopatas) teve duração exata de dois dias.
Foram condenados: Di Menor a 53 anos e Leitinho a 89. Mas os olhos ainda estavam vermelhos de de choro, de ódio e de sangue. Parte da população vibrou com a sentença: o juiz correspondera às expectativas. Outra parte, no entanto, lamentava: "53 anos apenas para Di Menor?? Que ficasse 1.000 anos!!" mas nem assim seria o suficiente...

E o juiz recorda que outrora, na história da humanidade, as punições eram espetáculos públicos com decapitação ou leões devorando pessoas. As carolas dizem que foi pena branda aquela sentenciada a Di Menor.

O juiz pressente certa energia no ar, energia que vem de todo o país, e lamenta a aposentadoria que a sociedade atual concedera aos leões. "Nem assim se satisfaria o ódio que sentem". Mas no seu íntimo ele entende porque também tem uma filha de 5 anos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

TAG: Liebster Award

Hoje o post é sobre a tag que a Cynthia do "Maquiando com Cynthia Albuquerque"  me indicou. Acho super bacana essas tags porque ajudam a conhecer os blogs que estão começando agora. 
Essa tag de hoje funciona com perguntas e respostas com o objetivo de divulgar os blogs mais recentes. Esse é o selinho que o acompanha e que pode ser divulgado pelos blogs indicados:



Algumas regras válidas para o pessoal que participar são:
 - Escrever 11 coisas sobre vocês (indicados);
Responder 11 perguntas feitas por quem indicou a tag;
Indicar 11 blogs com menos de 200 seguidores;
 - Fazer 11 perguntas a esses 11 blogs que você indicou para a tag.
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Então vamos lá! - 11 coisas sobre mim:

1. Sou capricorniana;
2. Tenho 20 anos;
3. Adoro a série Grey's Anatomy;
4. Já fui muito fã de Harry Potter (livros e filmes), mas depois de ler o último livro da saga fiquei sem interesse de ver a adaptação para filme;
5. Cursei Serviço Social por um ano, na Unifesp da Baixada Santista;
6. Nasci no Guarujá, litoral paulista;
7. Voltei a morar lá por um ano e depois retornei pra Sampa;
8. Blogs são minha rede social preferida
9. Odeio café, mas amo café com leite;
10. Laura Pausini é minha cantora internacional favorita;
11. Adorei a voz da Carina Menitto, no The Voice, embora não esteja mais acompanhando.
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11 Perguntas do Blog Maquiando com Cynthia Albuquerque 
(você também encontra essas perguntas respondidas lá numa lista do Listograpy, clicando aqui):

1 - Desde quando tem o blog? 
R: Desde 2010.

2 - Por que criou blog? 
R: Porque adoro ler e escrever e no blog eu posso juntar essas duas paixões.

3 - Seus pais e amigos sabem do seu blog?
R: Nunca fui de divulgar pra pessoas que me conhecem.

4 - Qual seu maior sonho? 
R: Escrever livros.

5 - O que você gosta de falar no seu blog? 
R: Escrevo crônicas, poemas e observações.

6 - Qual o item de maquiagem que você não sai sem? 
R: Base e corretivo.

7 - Você tem alguma pretensão de ganhar dinheiro com o blog? 
R: Não. O blog é um hobby.

8 - Qual é a cor favorita do seu batom? 
R: Adoro tons nude, mais próximo do rose.

9 - Você tem alguma blogueira favorita? 
R: Tem a Lola do "Escreva Lola escreva" e a Hillé do blog "Manual Prático de Bons Modos em Livrarias".

10 - Pretende mudar algo no seu blog? 
R: Sempre. Adoro mudar o layout.

11 - O que você gosta de ver nos blogs que você visita? 
R: Gosto de conteúdo, layouts limpos e bem feitos, imagens legais e também uma boa escrita.
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11 Blogs indicados:

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11 Perguntas para os blogs indicados acima:

1. Qual tema do seu blog?
2. De onde veio a ideia para o nome?
3. Você já teve ou tem outros blogs?
4.  Você tem algum blog que serviu como inspiração?
5. Com qual frequência você posta?
6. Você tem colaboradores no blog?
7. Você tem parcerias com outros blogs/blogueiros? Se sim, quais?
8. Você já teve seu conteúdo plagiado?
9. Como você divulga seu blog?
10. Há quanto tempo você tem seu blog mais atual?
11. O que um blog precisa ter para que você possa segui-lo?
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É isso, pessoal. Os 11 blogs indicados podem retirar a imagem da tag e seguir as regrinhas. Quem seguir a tag deixa aqui nos comentários o link para que eu possa visitar o blog e comentar.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Adeus, China - O último bailarino de Mao


Esse foi meu último livro do mês de novembro. E, devo confessar, tenho um interesse especial sobre livros que retratam a vida na sociedade chinesa, tanto do período de Mao quanto da época da reforma e abertura. Me interessa também por ser um país com passado socialista , o que ajuda bastante a entender como se dá, na prática, uma sociedade com sistema diferente do que vivemos no Brasil.

“Adeus, China” é um daqueles livros que vi e, imediatamente, coloquei na minha lista de leitura. Ficou na lista desde 2010 e somente agora pude lê-lo, mas valeu a pena. Vamos então à resenha.

Cunxin é o sexto dos sete filhos do casal Li. Moradores de uma comuna chinesa muito pobre, são da classe dos camponeses que juntamente com os operários e soldados são as classes benquistas da China de Mao Tsé Tung. Nessa época a China, hoje o país mais populoso do mundo, passava pela reforma cultural: todas as influências consideradas capitalistas eram severamente proibidas e punidas.

Através de suas memórias, Cunxin relata nesse livro em primeira pessoa como foi sua infância durante esse período tão singular da história. Um relato que poderíamos nunca saber se não fossem os acasos. Cunxin era fadado a uma vida que não fugiria muito do que o cercava: o trabalho no campo. Seus pais trabalhavam na comuna buscando sustentar os filhos através do cultivo da terra, onde todo dinheiro conseguido era dado ao líder que repartia entre todas as famílias do povoado de acordo com as horas trabalhadas por cada família. Para conseguir uma quantia maior em dinheiro que pudesse sustentar a toda a família, sua mãe também tinha que trabalhar, além de realizar as tarefas domésticas.

Sabemos assim como é viver tendo como preocupação diária apenas a sobrevivência. Comida diversificada era um luxo reservado apenas ao ano novo chinês.

Com essa infância que não apresentava nenhuma perspectiva, uma oportunidade surge. Uma chance em um milhão: Cunxin é escolhido para treinar balé na academia de Madame Mao, onde seria instruído em chinês, matemática, filosofia e dança em seus diversos aspectos.

Sua dedicação não é notável durante os primeiros anos na academia, mas o dever de honrar e não envergonhar o nome da família dão ânimo a Cunxin e o fazem se destacar e, com a ajuda de um professor que enxerga seu potencial, ele passa a amar o balé.

Sua performance é dedicada e muito bem treinada. Com o tempo outras oportunidades surgem e o sonho de ser referência no balé internacional torna-se realidade.

Autor: Li Cunxin 
Editora: Fundamento
IBSN: 9788576761808
Páginas: 400
Edição: 
Ano: 2007

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Instantes


Há dias em que coisas estão destinadas a acontecer. E você sabe antes que, de fato, aconteçam. Não se sabe o quê, nem como, a única certeza que se tem é de que está próximo e de que não há como evitar. Então, você espera. Você simplesmente espera e torce pra estar enganada.

Tudo começou com uma sensação esquisita, como uma espécie de arrepio percorrendo o corpo. Ela desceu a escada rolante pelo lado esquerdo enquanto olhava sem compreender o motivo das pessoas que insistiam em parar do outro lado. No dia seguinte, quando a pressa deu lugar ao cansaço nas pernas, ela entendeu. Naquele dia porém, sem encontrar resposta que justificasse tanta gente parada no lado direito bem em horário de pico, ela olhou com desdém para as pessoas e, depois, bem depois, se lembrou de que foi ali que vira a menininha pela primeira vez.

Quando estamos tão imersos na rotina, esquecemos de ver os detalhes, de dar lugar às sensações e aos avisos. Ela sentiu um frio esquisito e o que fez foi apenas puxar o casaco para mais perto de si. E descartou. 

Parou bem próxima a demarcação do local onde a porta deveria abrir. Enquanto o metrô não chegava, ela olhou para os lados e viu uma mãe que parecia não estar ali, a mente parecia não estar mesmo nesse mundo; mais abaixo ela viu novamente a garotinha, de mãos dadas com a mulher e que devia ter no máximo uns quatro anos. O jeito meigo e tímido da menina despertaram algo nela, mas, de novo, Alíshia descartou as sensações. O metrô estava chegando.

Quinze segundos era o tempo que todos tinham para entrar naquele espaço que persistia todos os dias em desafiar as leis da física. Alíshia entrou, com uma habilidade resultante de anos de experiência. Só teve tempo de olhar pro lado, ao ouvir o soar do apito sinalizando que as portas se fechariam, e ver que entre as portas que se fechavam estava a menininha. Um gélido arrepio esmagou seu corpo, como uma espécie de mau presságio, como se algo inevitável estivesse acontecendo e ela fosse a testemunha que via tudo de camarote.

Há dias em que as coisas estão realmente destinadas a acontecer. Você sente isso desde o começo do dia, mas a rotina é tão esmagadoramente grande que todos os avisos são irrelevantes porque os percebemos como sutilezas. E os confundimos. Depois, você percebe que poderia ter feito algo, que poderia ter agido, mas quando percebe isso já é tarde e você perdeu o instante decisivo. 

Mas, há dias em que a vida quer te fazer acordar e, pra isso, te dá um susto.

Naquele dia Alíshia foi dormir aliviada ao se lembrar do homem segurando as portas com as duas mãos enquanto a mãe puxou a filha pequena para si com uma expressão de que puxava de volta a própria vida. E, por isso, Alíshia sabia que as coisas seriam diferentes para ela como também s riam diferentes para aquela mãe.