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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Dos favores que não fiz

Há algo atravessado que eu preciso dizer, porém não digo.
Eu penso, repenso, invento e aumento, mas nada sai.
Não sai e é como se nada houvesse.

Com a minha (pouca) experiência de vida, transpus duas décadas até aqui e sei, por experiência (pouca que se faz válida), que quando o clima é esse, a luz é essa, a intensidade é essa, sei que há algo a se dizer.

Como emissora de opinião sou melhor ouvindo. As chaves da mesa me fazem errar as letras e o que eu digito parece não fazer sentido. As chaves trancam o sentido.

Queria chegar no futuro trinta minutos mais cedo e poder ler o que escrevi para inventar, antes que outros leiam, um sentido que não há. Mas essa não é uma opção. Negativas, negações...

Quando eu transpor mais uma década, quero ser Drummond e organizar palavras rumo a um sentido que dói enquanto encanta. Quero poetizar a beleza da rosa nascendo no asfalto, quero descobrir minhas sete faces e ainda ir de mãos dadas para ler Adélia Prado e sentir a inquietude.

É um favor que deixo de fazer ao dar voz a essas linhas.