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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Aquele feriado que você não faz questão

Ah, é Carnaval? Legal.

Se tem um feriado curtível que eu nunca fiz questão de curtir, esse é o Carnaval. Claro, tem aqueles que eu simplesmente confundo - caso clássico de 7 de setembro e 15 de novembro. Não me pergunte o motivo, são coisas inexplicáveis da vida.

Eu poderia fazer uns parágrafos pra justificar que isso é consequência de uma criação cristã e etc. Mas a verdade é que, mesmo quando eu tive "idade suficiente" pra fazer minhas próprias escolhas sem levar em consideração os argumentos maternos e paternos, eu nunca quis usar esse livre arbítrio para mudar a relação que eu havia estabelecido com o feriado brasileiro mais esperado do ano.

O que eu lembro dos carnavais passados é de sempre ficar brava porque a programação da televisão era interrompida. Como eu o-d-i-a-v-a ter que ficar vendo aquelas interrupções dançantes, com trajes que sempre achei extravagantes demais e incompreensíveis demais. Todo mundo falava de sambar e de ir ver bloquinhos, enquanto eu achava injusto ganhar uns dias pra ficar em casa se em troca a gente era obrigado a ver uma programação furrepa na televisão.

Hoje a situação é um pouco diferente, mas não posso dizer que mudou radicalmente. Digamos que hoje o enredo e os temas de algumas das escolas despertam um pouco do meu interesse. Mas se você me perguntar quem é madrinha de bateria, qual a função das alas, qual escola é do Rio e qual é de São Paulo, bom, eu vou ficar devendo resposta. E olha que eu escrevi uns cinco textos - em linhas gerais - sobre Carnaval lá no estágio. Vejam só vocês a incoerência da garota.

Esse ano em que eu debuto em um jornal, claro que eu vou acabar sabendo qual é a escola campeã e tal. Mas vai ser só isso. Não tenho pretensões de eleger a escola de samba do meu coração, como já ouvi pessoas falando. Nem time do meu coração eu tenho. Eu "torço" pro São Paulo porque herdei o time do meu pai - e também porque ficava chato dizer que não torcia pra ninguém em uma época em que os jogos que predominavam nas quadras dos ensinos fundamental e médio eram futebol e queimada. Talvez se existissem times de queimada eu tivesse aquele que eu realmente apreciaria... Mas são apenas possibilidades jogadas em um universo que só faz expandir e nos revelar outros planetas... (sim, estou divagando, porque até pra falar que não curto o Carnaval me falta assunto pra fazer o post render, mas enfim).

Acontece que nunca senti a necessidade de saber de Carnaval. Eu não gostava, nenhum amigo próximo gostava e, os conhecidos que curtiam não compartilhavam o assunto a ponto de eu me empolgar.

E assim, dessa forma capenga, eu chego ao Carnaval 2017, que só me dá mais motivos para não apreciá-lo. Como pode isso da Globo, a única tevê aberta que cobre o Oscar, priorizar o Carnaval e deixar a gente perder a cena a la Miss Universo que rolou na entrega do prêmio de melhor filme? Como?????

Ok, eu até entendo todo esse discurso de que o Carnaval é nacional, que mobiliza todo o país, que essa atitude é, de certa forma, uma resistência a essa tendência de globalização. Ok, isso devia ser o suficiente pra priorizar o evento. (Espera, não que eu ache que a Globo levou em conta a cultura nacional pra julgar o que teria prioridade na grade, não é isso). Mas eu, logo eu, que nunca liguei pro Carnaval, me senti, assim, apunhalada, sabe?

E agora a vida tem a oportunidade perfeita para se vingar de mim por eu não valorizar o Carnaval. Afinal, enquanto eu espero dar três da tarde pra poder finalmente ver a cerimônia do Oscar, tenho que ver a única tevê aberta que cobre o evento. E qual é? Oras, a Globo. Que tá passando o quê? Desfile. Pois é, a vida é, digamos, sarcástica. O que mantém minha sanidade nessa hora é saber que existe um blog que eu não atualizo há um mês e que rascunhar um post sem sentido é uma ótima forma de fazer o tempo passar.