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terça-feira, 14 de março de 2017

Diários, blogs e fendas no tempo

Ontem estava conversando com meus amigos sobre diários. Acabei contando, meio por cima, que "perdi" os que escrevi na adolescência na época em que fui morar na Baixada. Meus pais acabaram jogando fora e esse trauma me rendeu alguns poemas com palavras como "sem passado" incluídas entre os versos. Era assim que eu me sentia. E enquanto eu falava dessa minha relação com os diários físicos, acabei lembrando que esse blog funcionou, de certa forma, como uma espécie de diário para mim por todos esses anos. De certa forma, este blog e eu atravessamos fases juntos - sob diferentes nomes, é claro. Este blog foi o confidente dos meus textos mais mal escritos e poemas rimados sem nexo. Mas independentemente dessa cumplicidade que vivemos durante anos sem eu me dar conta, se eu pudesse reaver aquelas folhas que eu pacientemente redigi por anos com as histórias vividas por mim mesma, eu com certeza faria isso.

Estava tranquila imersa nesses pensamentos de saudades do meu passado, quando cheguei hoje na faculdade. Fui atualizar o Linkedin e acabei vendo uma lista de pessoas na sugestão pra adicionar. Aparentemente, todos os e-mails mais esquisitos que representavam pessoas participantes do meu passado estavam ali. E essa rede social - a mais imprópria para listá-los - estava me oferecendo conexões com "pessoas que talvez você conheça". Que ironia, é claro que eu as conheço. Saberia o Linkedin que eu as conheço muito melhor do que ele poderia imaginar, caso fosse um ser humano com capacidade imaginativa? Não, não saberia. Sobre algumas delas eu escrevi incessantemente nos meus falecidos diários.

Essa nostalgia provocada por essa possibilidade que jamais se concretizará me fez lembrar do famigerado Orkut. Comecei a divagar sobre como seria ter essa rede social de volta e o quanto eu a queria bem mais que qualquer outra, até que percebi que não é o Orkut que eu queria. O que eu queria era o passado de volta. E o passado, diz a lógica, não está no rol de possibilidades futurísticas. O Orkut acabou simbolizando algo, representando uma fase da minha vida. E, como cantava Belchior, "o passado é uma roupa que não nos serve mais". Eu que discordei desse trecho - e dessa música - durante anos, hoje me rendo a essa fatalidade: o passado é algo que fica lá atrás e que nunca mais estará ao nosso alcance.

Por causa dessa certeza da inevitabilidade do tempo em passar, comecei a sentir saudades das coisas que ainda tenho comigo, como os amigos da faculdade com quem estava conversando ontem. E por mais que ainda tenhamos dois longos anos pela frente, fico pensando que eles vão passar na minha vida assim como muitas outras amizades queridas passaram. Eu as queria a todas, mas a vida me mostrou que não se pode vencer o tempo. Isso me deixou tão triste que eu comecei a pensar mais e mais nos meus diários perdidos e em como aqui, nesse espaçozinho virtual, eu consegui criar uma espécie de fenda no tempo.

Não sei quando eu vou me desfazer disso aqui, se é que um dia irei. Sim, há vezes em que eu simplesmente não quero dar as caras aqui. Mas há outras vezes em que eu simplesmente agradeço a seja lá quem for o ser humano desse universo que teve essa ideia de criar essa rede social. Ela preserva minha sanidade e me faz um bem que não sei nem descrever.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Definir ela dá uma música - e das boas

Se eu disser que eu rascunhei uma introdução decente pra esse post, mas ela simplesmente se negou a sair decente, você acreditaria? Olha que tenho provas.

Então, vamos começar esse post assim no seco, sem muitas palavras que denunciem a instabilidade do meu raciocínio lógico, ok? Depois do combinado, me resta dizer que criei uma playlist que, por acaso do destino, pode vir a calhar nesse 8 de março. A proposta era reunir músicas que definissem mulheres.

De verdade, essas letras que se dedicam a falar da personalidade das mulheres e de como essas peculiaridades femininas são percebidas pelos outros sempre me interessaram. De certa forma, essas músicas já estavam reunidas na minha cabeça e, pra mim, uma sempre "chamou" a outra. Por isso, resolvi juntar todas aqui e deixar você: 1. ver se elas realmente fazem sentido e 2. refletir sobre essas personalidades femininas que estão nas linhas e nas entrelinhas.


Mais sobre a criação dessa playlist

Primeiro eu quis juntar aquelas músicas que definiam as mulheres do ponto de vista de terceiros. Meio que algo como Bentinho definindo Capitu, sabe? Não sabemos ao certo que é essa figura, mas o que temos é o suficiente para nos intrigar. Nessa etapa da seleção, essas mulheres que aparecem nas letras são vistas e apresentadas de acordo com o olhar do outro. Nós não as conhecemos diretamente, mas as imaginamos. Por isso, nessas primeiras músicas eu priorizei aquelas que tivessem o termo "ela" ou "she".

Depois, acabei mesclando outras músicas com nomes próprios femininos que, em alguma parte da letra vão montando essa imagem de mulher que dá nome à música.

Por fim, peguei canções sobre mulheres se definindo ou definindo outras mulheres.

E essa gama de músicas de diferentes ritmos, cantores e popularidade está aí reunida pra você ouvir e pensar nessas mulheres de personalidades marcantes, envolventes e instigantes que nos rodeiam diariamente. Aproveite o som e as letras, é claro.