Este é território das palavras e, aqui, imagens são secundárias e dispensáveis. As palavras, quando querem, alcançam céus nunca dantes desenhados. Às palavras dou licença a toda generalização precisa para se fazerem entendidas, obrigada. Assim como também dou licença a todos os erros de expressões verbais, regionais e afins com o objetivo único de se fazerem plena compreensão. Obrigada, obrigada.
Porque a palavra não precisa se sujeitar às versões individuais. As imagens, quando não compreendidas, nada dizem. Mas as palavras se expressam na fala e na escrita e por isso têm capacidade felina. São palavras-esfinges: decifra-me e mesmo assim devoro-te, rodopio nas tuas lembranças, peso no teu coração, levo comigo teu sono.
As imagens são pura maquiagem do que se conclui. O que persegue não são imagens, pois elas estão associadas às emoções e, há muito, as palavras usaram desse artifício - isso mesmo, o artifício das emoções - para não precisarem se apresentar, às quatro da manhã, com todas as letras, na sua mente perturbada.
A imagem é o delírio louco e pessoal. Junte todos os delírios individuais e o quê você tem? Você não tem nada de concreto. Porque o acesso à mente do outro lhe negado e o sentido se perde. Mas a palavra, quando escrita, quando dita pode ser estudada e levar a uma conclusão com sentido.
A imagem tentou usurpar o artifício da emoção. A emoção não suspendeu o contrato com a palavra, mas aceitou um freela com as imagens. Retornou cachorrinha e banalizada. A emoção banalizada com as imagens, esse foi seu pagamento e assim se findou o trabalho extra.