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terça-feira, 29 de março de 2011

Tristeza...

Como conseguia isso? Helen levantava-se todos os dias e mirava-se no espelho, sustentando sempre a mesma mentira. 'E o que é tão grande que suprime toda a sensatez?'...(É o que é tão infinito que não cessa mesmo com a mais imensa alegria...)

Levantar-se. Caminhar rápido para não pensar em si. Procurar pessoas para não sentir-se só - e não ter tempo de refletir sobre nada. Rotina... Afazeres e desenhos tão bem feitos que retratavam a alma... a alma de um outro alguém, nunca a sua própria.

De tão complexa era simples... de tão simples era fácil, de tão fácil era rapidamente aceitada. Ninguém a conhecia e ela não seria a primeira a aprofundar-se em si.

Bebia sua água e atentava-se sempre para a última gota escorrendo pelo copo. Uma última, simples, logo reprimida por Helen, que deixava subitamente de observar o reflexo de seu rosto projetado no copo...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Às vezes, racionalmente...



Por que ter medo se é o escuro que me acolhe, 
se é sozinha que me sinto bem? 
Se a minha alma é obscura 
não será o anonimato a disfarçar isso... 
as palavras teimam em denunciar o que há dentro de quem as captura...
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Por que fugir se os pensamentos sempre me encontram, 
se as idéias me alcançam? 
Se os meus passos não são ágeis 
não será a chave que me ajudará a fugir da prisão... 
o passado insiste em se fazer presente com a ameaça de se torna o futuro...
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Por que vacilar se o chão sob meus pés é tão firme, 
se o que me sustenta faz bem seu papel? 
Se os sentimentos às vezes enganam 
não será a razão a me trazer segura ao chão... 
o coração nem sempre vence a cabeça com suas lágrimas...
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É necessário, tão necessário, pensar logicamente sobre tudo isso aqui que insiste em ficar à nossa volta...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Condição feminina...



E eu lavei a louça bem rápido, pra não ter tempo de pensar no porquê de ser eu a estar ali, enquanto outra pessoa sentava na frente do computador e cantava em francês...
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É o inferno isto...

terça-feira, 8 de março de 2011

Minha viagem histórica..


Amanheci e coloquei o pé no chão. Era um chão diferente, mais cool, me disseram. Eu e minha mania de imaginação fomos andar por aí. Mas, o legal, é que era num outro "aí" no qual nós andávamos e, de repente, nós corríamos e voávamos, nós fazíamos revolução. E depois de tanto voar, nós paramos, do nada, só pra ver uma umas pinturas estranhas numa pedra com dinossauros nos olhando...

Depois corremos tão rápido que eu, de repente, era luz. Mais pra frente paramos para piratear com caras em barcos e pra ver guerras. Vimos ocupações. Vimos Roma crescer e cair. Vimos deuses e heróis gregos num ideal triplo. E nós ouvimos mitologia.

Mais pra frente, corremos da Peste Negra e queríamos pular toda a história só pra ver dançar Isadora Duncan e pra ver Olga desmaiando na prisão. Depois, num olhar que eu bem conhecia, me convidou pra ouvir música e ver Alma Rosé, em Auschwitz, reger sua orquestra de lutadoras. Você me convidou pra ir ao dormitório e eu fui de olhos fechados, só pra não ver horror e, então, lemos nas paredes palavras de esperança: "Amanhã eu fico triste..."

Você me convenceu a ver cartazes dos cinemas e lembrar de Anne e eu ri. Depois me jurou que acabaria bem,"você vai ver", me disse. Fui com você tranquila e, de repente, o Japão recebe uma rosa radioativa. Me desapontei. E de novo vi você falhar quando vimos começar a Guerra Fria e, então, me lembrei da Rússia, mas você não me deixou prosseguir.

Corri pra um país tropical, pensando escapar. E de repente, estoura rock'n roll, depois bossa nova (e eu ouvindo Nara cantar mesmo preferindo Elis) quando, de repente, Ditadura... E aqui e ali tudo era proibido e, percebi assim, sem mais nem menos, que o Medo estava viajando com a gente fazia muito tempo e me perguntei se você o tinha inventado... Não, eu tinha.

E, mesmo assim, pensei em retroceder a viagem para buscar a caixa da Pandora, só pra mostrar que ainda restava a Esperança, mas você me disse: "Não! Eles dirão isso com música" e eu te ouvi.

E, me lembro, de ter encolhido no canto por ver discriminação nos EUA, por ver a guerra do Vietnã, por ver repressão e depois de sorrir vendo hippies e punks. Abaixei a cabeça com o apartheid e com Ruanda, porque me lembrei da menininha e de Imaculée... E, de repente era outro milênio e eu me perguntei se tudo recomeçaria...
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Você me estendeu a mão e disse "Vem, vamos pra casa" e eu lembro de ter olhado pra trás e visto o Katrina, o Haiti, a China tremer e o Chile também. E você me dizia "Bem, eles farão uma música pra isso" e fomos embora.

sábado, 5 de março de 2011

O diário de Anne Frank



E é de novo Carnaval, e se repete o meu começo e tudo se repete. Nada é suficientemente inovador. Há um padrão pra tudo, uma ordem, uma rotina (odiosa, rs). A História é nossa rotina. Pare e pense: há diferença? Não, não há. (Conclua!) Idades? O que elas separam? Nada, elas não separam nada...
Então, é o tempo, tardio - eu sei -, mas vamos deixar de adiar. Vamos a Anne...
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Segunda Guerra Mundial, Nazismo, Holocausto, já ouviu falar? Ela viveu escondida disso num anexo secreto. Escondida com sua família, uma outra família amiga, um dentista, um animalzinho, um diário e algumas suposições. (Você bem sabe que, quando algo nos é contado, a nossa mente é capaz de supor, imaginar - imaginamos e supomos aquilo capaz de nos amedrontar). Anne imaginou e supôs, como eu e você...
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Dias, noites, bombas sendo estouradas perto demais, crianças e vidas sendo vistas por frestas sem que se pudessem compartilhar (sem que soubessem que existia alguém que as observava). Estudos, livros e sonhos de haver um depois...
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Sentimentos - bons e ruins, porque, acredite-me, mesmo que eles tenham dito "Não!", saiba, ela era humana -, o êxtase ante a natureza, as dúvidas internas, a formação da personalidade e um estilo fascinante.
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As dúvidas e a criatividade. A esperança e o trabalho. A contribuição e o exemplo. Não é à toa que é um livro traduzido pra 70 idiomas e um documento que muito contribuiu pra que conhecêssemos a história das vítimas do Holocausto. E sempre que me encontro pensando 'por quê? Por que as pessoas precisam contar sua história? Por que o mundo precisa saber delas?', eu me lembro não do livro, mas de Anne e tenho minha resposta.
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Recomendado para que você entenda que há pessoas que precisam ser lembradas... Porque, de fato, merecem.