Um defeito na personalidade: sou demasiadamente realista. Mas - porque aqui me cabe uma explicação que me salve - não fui sempre assim.
Me deixem! Só quero escrever sobre nada. Apenas senti as coisas de um jeito que sempre permeia minhas escritas aqui: um jeito analítico que me arrepia o corpo como numa espécie de deslumbramento. O óbvio passou diante dos meus olhos e eu o percebi. Os sentidos ficaram tão aguçados e eu simplesmente perdi a prática de esvaziar sensações em um post.
O óbvio passou por mim e me deslumbrou. Apesar de realista, cultivo o hábito de andar pelas ruas com devaneios na cabeça e chão sob os pés.
O que há de errado? Novidade alguma há em constatar que as versões de mim mesma não se complementam, que são folhas avulsas voando de acordo com a direção do vento.
O horóscopo chinês diz que a água permeia minha personalidade e eu acreditei - não antes, claro, de juntar n fatores que o comprovassem.
Em qual esquina eu me perdi de mim? Procurei andar as linhas retas das avenidas e ruas que se ligam perpendicular e paralelamente, mas a arquitetura da minha vida tomou outras direções que não mais consigo racionalizar.
Mas há a água, não posso esquecer.
Heráclito! Nos meus estudos, sempre preferi Parmênides, mas a vida, essa debochada, me provou a verdade do rio.
Dialeticamente, gostaria de ver a antítese do que eu fui antes e confiar numa síntese que, de certa forma, reunisse resquícios de quem sou e de quem fui. Pena minha vida ser lógica apenas naquilo que consigo controlar enquanto não me perco imaginando ruas pelas quais gostaria de ter vagado.
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